Espelho

O espelho é uma coisa muito irónica se formos pensarmos bem, algo que a tudo pode reflectir mas que não é nada. É uma imagem de algo, mas que por si só não tem fundamentação alguma. Se ligarmos uma luz num quarto branco aquele espelho será apenas um branco, mas ao colocarmos uma figura importante a sua frente, aquele espelho se tornará agora a imagem de algo importante.

Outro factor intrigante do espelho é facto de que tudo que ele mostra, vem ao contrario do que realmente é… os lados estão sempre em oposição, se eu movo minha perna direita ele move a esquerda dele, se eu olho para o lado esquerdo ele olhará para sua direita.
Mesmo com tudo isso, muitas pessoas desejam ser espelhos de outras, ou se espelham nos seus ídolos, nas pessoas que admiram, isso é louvável… como poderia não ser? Ter objectivos é importante, saber aonde que chegar, é um grande passo para o sucesso, traçar metas. Porem, normalmente em nossas vidas nós não queremos chegar a alguém, e sim a algum lugar, então voltemos ao espelho.
Sempre nos espelhamos em algo em determinado momento da vida, em momentos, decisões, situações inusitadas, e nem sempre as coisas saem tão bem quanto poderia, porque o reflexo nunca será igual ao movimento real, o reflexo é sempre um movimento diferente, não necessariamente ao contrário, mas diferente o suficiente para saber que aquilo poderia ter ocorrido de forma diferente.
A vida é totalmente passível de interpretação e nossas atitudes sofrem pela interpretação que damos a ela, quando nos espelhamos em alguém fazemos uma cópia de forma invertida. Então como fazer para nos espelharmos em alguém que admiramos e não passarmos de alguém que reflecte movimentos contrários? Se o espelho ao estar virado de frente para pessoa reflectia os movimentos contrários, então por que não virarmos o espelho de costas e colocarmos ao lado daquilo que gostaríamos de nos espelhar? “Mas agora eu não estarei mais a me espelhar em quem eu queria”, Sim! Mas agora você estará vendo o que realmente vai lhe fazer realmente compreender as acções dele e as suas… você passará a ver exactamente o que ele vê, e então as suas acções estarão passíveis de interpretação dentro de um contexto. Você trocará a visão de uma pessoa e do que havia por traz dela, pela visão do que ela está a enxergar.
Não só seus ídolos, pais, namorados, amigos, mas aqueles que fazem alguma diferença ao seu redor, entender o que eles pensam e o que eles passam faz parte de uma boa relação de convivência, você aprende como se inserir num certo meio, como se portar, e faz com que as pessoas venham a entender você também. Coisas nem sempre são tão boas quanto parecem, e nem tão ruins quanto parecem, ao olharmos para uma alguém realizando um movimento veremos apenas uma movimento, ao olharmos para alguém a realizar um movimento dentro de um determinado espaço, num determinado tempo, com intensidade específica e com mais infinitas variáveis cabíveis aqui, então passará a ser uma acção.
A vida é totalmente passível de interpretação e são nas entrelinhas que ela começa a fazer sentido, nada é exactamente o que parece ser, abra bem os olhos, sorria bastante, quando ouvir chamarem por você, responda e vá sempre um pouco mais além do que você acha que pode ir, por que acredite… você realmente pode. Nessa grande ironia que são nossa vidas, nosso mundo está simplesmente a se tornar o reflexo de nossas movimentações físicas e mentais, precisamos colocar o reflexo do mundo ao nosso lado e fazer com que nossas acções, não isoladas mas em conjunto, possam muda-lo.

Nenhum comentário: